Ilustração de Ana Luísa Oliveira (ilustradora) |
Tem uma cabeleira ruiva, sempre desgrenhada, e um sorriso gaiato a iluminar-lhe a cara sardenta. Chama-se Liberdade. Desde pequenina que faz jus ao nome que lhe puseram. Adora andar descalça, chapinhar nas poças de água, subir às árvores e deitar-se na relva, seguindo com o olhar o voo das andorinhas. Delicia-se com o verde dos bosques, o aroma das flores e o cantar dos pássaros. Ama a Primavera e Abril é o seu mês favorito.
Liberdade tem ideias muito próprias e imagina histórias a partir das formas das nuvens em movimento. Histórias em que ninguém passa fome ou frio, em que ninguém tem medo e todos são felizes.
Tem muitos amigos e está sempre pronta a ajudar a resolver os pequenos diferendos que por vezes surgem entre eles. Para ela, todos têm a sua razão e basta apenas encontrar um ponto em comum. Porque, diz ela, as pessoas têm mais coisas em comum do que diferenças. E, a partir desse ponto, é sempre possível construir um entendimento.
No entanto, alguns acham a menina Liberdade estouvada e impertinente e dizem-lhe:
- A menina tenha juízo!
Mas ela ri-se e não lhes liga. Acha-os «velhos», independentemente da idade. Porque «velhos», diz ela, são todos os que não conseguem apreciar a liberdade dos outros. São todos os que clamam por «respeitinho», mas não respeitam as diferentes formas de ver o mundo e viver a vida, porque querem que o mundo seja apenas como eles acham que deve ser.
Por vezes, os «velhos», que não suportam o espírito indomável da menina Liberdade, tentam ir mais longe. E, por vezes, ela sai magoada dessas investidas...
Mas Liberdade nunca desanima. Engole as lágrimas, esboça um sorriso e continua a ser como sempre foi: optimista e alegre, cordata e tolerante, fraterna e solidária, como só a Liberdade pode ser.