sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O massacre do OE13






- Bzzz… Ai ‘miga, o que é aquilo que ali vem?
- Foge, ‘miga! Ele quer dar cabo de nós.
A mais gorda das melgas, no entanto, não escapa ao grosso maço de papel. A outra, escanzelada, mas ágil, lamenta-se:
- Coitadinha… Bzzz… Eu bem lhe disse que sugar um vampiro era muito arriscado...
E foge dali, aproveitando a confusão de folhas pelo ar. Na última que chega ao chão, pode ler-se: «Orçamento de Estado para 2013».

Resposta ao desafio nº 24 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Artesanato trágico




Era um leitão de cortiça com uma rolha por nariz. Estava na montra, entre um almofariz de pedra e um despertador em forma de bola de ténis. Decidi oferecê-lo ao glutão do Alfredo. Entrámos na loja, mas uma vespa enfurecida atirou-se a mim. Tive de me defender com um rolo de papel que estava ali à mão. Um golpe mal calculado e o bácoro desfez-se em pedaços. Agora... vou ter de lhe oferecer um a sério. Assado.

Resposta ao desafio nº 23 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos.


domingo, 16 de setembro de 2012

A marcha do futuro



Primeiro, pingaram algumas gotas dispersas, qual chuvisco de Verão. Gota a gota, o caudal engrossou, até se transformar numa torrente imparável. E a torrente fez-se rio, um rio de gente corajosa, ocupando as cidades.
Vieram novos e velhos, trazendo a força dos sonhos atraiçoados, uma réstia de esperança, um grito na garganta. Por isso, armaram-se apenas com palavras, algumas muito duras… porém verdadeiras. Encheram praças e avenidas, quebrando a letargia de um país adiado. Exigindo um futuro!

Resposta ao desafio nº 18 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos.

sábado, 1 de setembro de 2012

Maria não vai com as outras




Maria não vai com as outras, não.
Ela só vai onde a leva o coração.
Se a querem por companhia,
Que a esperem …ou que se vão.
Maria não pode ir agora,
Pois mergulhou nas ondas da paixão.

[Participação no desafio 23 da página «Escrita de Microficção». Tema: «À espera de Maria».]

O anel de Lena




Lena é uma jovem alegre e desinibida que adora roupas coloridas. O seu riso contagiante faz com que todos a estimem. Sabem que Lena perdeu o pai num acidente trágico e que, por isso, a mãe sofre de uma constante depressão. E que é a coragem, a alegria e o amor da filha que a mantêm viva…
No entanto, em segredo, Lena afaga o pequeno anel que o pai lhe deu e chora amargamente a sua ausência.

Resposta ao desafio nº 17 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos.

Blue moon


Desafiou-a a ir ter com ele ao alto do monte. À luz da segunda lua cheia de Agosto, renovariam os votos que tinham feito há anos atrás. Esperou toda a noite. A lua apareceu, Maria não.

[Participação no desafio 23 da página «Escrita de Microficção». Tema: «À espera de Maria».]  

O irresistível aroma da tarte de amora




Da janela entreaberta, desprendia-se um aroma irresistível. Pedro e Afonso largaram a bola e aproximaram-se, sorrateiros, do quintal da vizinha. Mal os pressentiu, o anafado gato amarelo bufou e esgueirou-se para cima de uma árvore.
Parados debaixo do parapeito, puseram-se à escuta, até se certificarem de que não havia ninguém na casa. Pedro ajoelhou-se, Afonso subiu e lançou a mão à bela tarte de amora. De repente, sentiu que alguém o puxava para dentro. Tinha sido apanhado!

Resposta ao desafio nº 17 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Castelo das Palavras


Castelo de Newschwanstein, na Baviera, Alemanha.
No Castelo das Palavras, havia salas onde se guardavam todos os tipos de palavras. A Sala das Palavras Macias tinha palavras como «peluche», «espuma» e «almofada», mas também «carícia», «beijo», «mãe» e outras do género. A Sala das Palavras Ancestrais tinha palavras como «mundo», «fonte» e «nascimento». A Sala das Palavras Magoadas tinha palavras como «ausência», «lágrima», «fome» ou «solidão». Mas havia também a Sala das Palavras Terríveis, onde se guardava a mais terrível de todas: «morte».

Resposta ao desafio nº 16 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos.

domingo, 19 de agosto de 2012

A saga do tio Arlindo - Aventura no café Paris


1. O tio Arlindo andava intrigado com a faina do Lopes. Ora entrava carregado de caixas, ora saía cheio de sacos. Pôs-se nas suas tamanquinhas e foi ao café Paris, investigar a coisa.
 
2. No café Paris, ele bem perguntou pelo Lopes. Que não, que ainda não tinha entrado lá naquele dia. Pasmado, o tio Arlindo coçava a cabeça. Estava a começar mal, aquela investigação.
 
3. Ao sair do café Paris, o tio Arlindo viu o vulto do Lopes abandonando a mercearia do Brites e entrando numa carrinha da Panrico. «Que estranho!», pensou. O mistério adensava-se.
 
4. No outro dia, o tio Arlindo chegou cedo ao café Paris. Lá estava a carrinha da Panrico, mas… o tal vulto não era o Lopes. O tio Arlindo percebeu então que tinha de passar a usar óculos.

[Participação no desafio 21 da página «Escrita de Microficção». Tema: « Investigação em Paris».]  

Homem de palha



Às vezes, no meio do campo, um homem de palha botava discurso às aves esquivas. Exaltava a solidez da sua morada permanente, com ampla vista sobre o mundo circundante. O pé bem fixo na terra tornava-o forte, temido, imune ao sobressalto das estações. Ali, onde estava, vigiava o próprio ciclo da vida e da morte. Arrogava-se, por isso, Senhor do Tempo.
Mas as aves não o ouviam. Bastava-lhes abrir as asas e o mundo era todo delas.

Resposta ao desafio nº 15 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos. Frase inicial retirada do «Romance da Raposa», de Aquilino Ribeiro. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O cão do faroleiro


Pertenciam ambos a mundos diferentes. E havia a diferença de idades: 14 e 41.
Conheceram-se na ilha Berlenga.
Caminhava ele na enseada deserta e ela provocou-o com uma chapada de água.
Um simples olhar deflagrou em amor súbito. Mas não podiam…
- Sou muito velho – disse ele –. Já tenho 14 anos.
- Eu ainda sou jovem – respondeu ela –. Tenho 41.
Ele ladrou e correu escarpa acima.
Ela bateu a grande barbatana e partiu mar adentro.

sábado, 21 de julho de 2012

Namoro efémero


Uma bola de Berlim apaixonou-se por um pastel de nata.
O namoro acabou na boca de uma banhista.

[Participação no desafio 17 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Desencontro amoroso à beira-mar».]

Receita da bola de Berlim: http://fofinhos-quentinhos.blogspot.pt/2010/06/bola-de-berlim.html
Receita do pastel de nata: http://asminhasreceitas.com/receita/pastel-nata

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Maresia



Tímida, fugiu a maresia, face às investidas do sol de Verão.

[Participação no desafio 17 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Desencontro amoroso à beira-mar».

A saga do tio Arlindo (7)



O tio Arlindo detestava praia… até ver a viúva em monoquini.

[Participação no desafio 17 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Desencontro amoroso à beira-mar».

Superstição!



Como não era supersticioso, aproveitou a promoção da Pensão Gato Preto. Só que as coisas não correram bem. Depois do nevoeiro lhe ter estragado o dia de praia, foi para o quarto. A cama rangia como cem demónios arrenegados. A luz do candeeiro piscava de forma sobrenatural. Inoperacional, a TV exibia apenas uma estranha «chuva miudinha». Resignou-se. Desligou tudo, deitou-se no tapete e dormiu como um anjo.
Que mais poderia esperar de uma sexta-feira 13? Era barata...!

 [Resposta ao desafio nº 13 do blogue 77palavras.blogspot.pt, da escritora Margarida Fonseca Santos.]

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A partilha




Um cão e um gato bifaram uma bela posta de lombo assado.
«Agora, vamos manjá-la juntos», rosnou o cão. «Está bem, anda», bufou o gato, arrebatando o pitéu para cima de um telhado.

[Participação no desafio 16 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Amizade Traiçoeira».

A saga do tio Arlindo (6)



Querendo vingar-se da traição do outro, o tio Arlindo ligou para a viúva. Inventou: ele e o Lopes tinham sido amantes; soubera agora que tinha sida.
Só então deu pela asneira…

[Participação no desafio 16 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Amizade Traiçoeira».]

domingo, 15 de julho de 2012

O lobo motard



Embrenhando-se cada vez mais na floresta, a rapariga do capuz vermelho gritava a plenos pulmões:
- Lobo, loooobo, onde estás? Não adianta esconderes-te. Eu encontro-te sempre…
Dissimulado atrás de um arbusto, o lobo fazia o que podia para se ocultar. Não lhe apetecia nada aturá-la. Mas ela, que já lhe conhecia as manhas, descobriu-o num instante.
- Eu não disse que te encontrava? Agora traz lá a mota e vamos dar uma volta até à Caparica…

A saga do tio Arlindo (5)



Ao tio Arlindo doía-lhe a traição do Lopes. Caíra na asneira de o apresentar à viúva a quem cortejava e o outro passou-lhe a perna. Acabara de os ver, a arrulhar, na tasca do espanhol.

[Participação no desafio 16 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Amizade Traiçoeira».]

O pedido



Teve de emigrar, mas não pôde levar a mulher. Foi ter com o seu melhor amigo e deixou-a sob a sua protecção, pedindo-lhe que tratasse dela como se fosse sua.
O amigo levou o pedido à letra.

[Participação no desafio 16 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Amizade Traiçoeira».]

Em tempo de guerra...



Regressado das manobras de campo, o capitão apanhou a mulher na cama com o seu melhor amigo. Pegou numa chibata e desancou-os. Furiosa, ela fez a ronda completa ao pelotão.

[Participação no desafio 16 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Amizade Traiçoeira».]

sábado, 14 de julho de 2012

Decepção

Jean Veber - Les Lutteuses (pormenor)

A amizade entre a Gata Borralheira e a Bela Adormecida acabou no dia em que ambas descobriram que o príncipe era o mesmo.

[Participação no desafio 16 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Amizade Traiçoeira».]

O camelo o burro e a água


Ilustração de Merli (Brasil) para o livro infantil com o mesmo título.
Especialistas em meter água, foram corridos do zoo à mangueirada. O camelo foi para Massamá, borrifar o jardim e o burro foi para Tomar, regar a horta.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Discurso eleitoral



- Votem em mim - disse o lobo -. Chegámos a uma nova era. Lobos e ovelhas são agora amigos inseparáveis.
Embora desconfiadas, as ovelhas deixaram-se ir na conversa. Azar o delas.

[Participação no desafio 16 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Amizade Traiçoeira».

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A dança das cadeiras


Veio o primeiro porco e sentou-se. Organizou o banquete a seu jeito, comeu quanto quis e aos restantes bichos deixou umas migalhas. O segundo, o terceiro e o quarto fizeram igual, bem como os que se lhe seguiram. Quando já não havia nem migalhas para distribuir, acusaram os outros bichos de viver acima das suas (deles) possibilidades...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Arrependido


A Youth on His Knees in Front of a Lady - Konstantin Somov

Ajoelhado a seus pés, jurou que estava arrependido de se ter arrependido de namorar com ela. Lembrou que, quando a conhecera, achara que nunca ficaria arrependido de assumir esse compromisso. Afinal, não sabia porquê, tinha-se arrependido, e quanto a isso, não havia nada a fazer. Agora que estava arrependido de se ter arrependido, queria voltar para ela. Isto, se ela o perdoasse por se ter arrependido.
Confusa e perturbada com tais artifícios argumentativos, ela mandou-o à mãe.

[Resposta ao desafio nº 12 do blogue 77palavras.blogspot.pt, da escritora Margarida Fonseca Santos.]

O castigo da Bela adormecida


A bela adormecida - Viktor Vasnetsov
- Acorda, Bela, que o sol já vai alto e tens o linho para fiar. Anda, não sejas preguiçosa.
Era sempre a mesma chatice todas as manhãs. Mas haviam de pagá-las, pensava a moça, sonolenta.
Um dia, apanhou umas certas ervas e misturou-as no caldo da ceia. Caíram todos num sono profundo. Agora é que dormiria até se fartar, pensava Bela.
Na manhã seguinte, o carteiro, dando com toda a gente a dormir, foi-se à rapariga e roubou-lhe «os frutos do amor».
Nove meses depois, são os dois filhos gémeos que a acordam, de quatro em quatro horas.

Assédio na pastelaria


Hänsel und Gretel - Darstellung von Alexander Zick
João e Maria eram dois irmãos que trabalhavam na pastelaria «Floresta», propriedade de uma bruxa lasciva chamada Ambrósia. Como o desejo de Ambrósia era «comer» o rapaz, fazia trabalhar a irmã de sol a sol, enquanto o apaparicava com mimos. Mas ele... moita! Farta da situação, Maria foi fazer queixa ao sindicato e receberam ambos uma bela indemnização. Falida e sem conseguir «molhar a sopa», a velha rebentou de raiva. Pum!

Metamorfose


Estátua de «A pequena sereia» em Copenhaga.

Lá para os lados de Rabo-de-Peixe, conta-se a história de um jovem pescador que se apaixonou por uma sereia. A coisa deu para o sério e até casaram e tudo. Vinte anos depois, desiludido, ele perde-se pelos botequins da Ribeira Grande. É que ela, hoje, está transformada numa baleia…

Podolatria


Cinderella doll - Marina Bychkova
A dos sapatos de cristal anda inconsolável. O tal príncipe fetichista que conheceu no baile fartou-se dela e agora só se interessa por lambisgóias com chinelas de porcelana.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Operação Branca de Neve



Eram sete e estavam à espera que ela fizesse alguma coisa. Mas ela estava farta de lavar louça, fazer camas e limpar o pó. Desapertou o corpete, tirou a saia e a blusa, agarrou-se ao varão e mostrou toda a sua sensualidade. Funcionou! Agora, farão eles o que ela mandar…

Equívoco fatal


Frog Prince - Kevin Eslinger
Prestes a ser empalado pela canalha cruel, o sapo bem tentou explicar que era um príncipe encantado. Não quiseram saber e, à falta de melhor, usaram uma lasca de espelho partido.

 [Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».]

Espelho meu



- Espelho meu, espelho meu, haverá no mundo alguma gaja mais gira e esperta e culta e dotada do que eu?
- Ora, deixa-te de palermices, Clemenciana. Sai de pé do espelho e vem arranjar as unhas dos pés à Dona Rosa, que está com pressa.

A evasão de Rapunzel

Rapunzel - Florence Harrison
Os cabelos de Rapunzel eram tão eficazes como uma escada de corda. E se serviam para subir, também serviam para descer. Por isso, farta de esperar por um príncipe que nunca mais aparecia, evadiu-se da torre e foi-se à vida. Arranjou emprego numa corporação de bombeiros e tornou-se especialista em salvamentos.

O futuro da Europa?


O rapto de Europa - mosaico romano
Epónima do velho continente, a deusa Europa indaga o futuro no seu espelho de prata. Aterrorizada, antevê a aniquilação do seu povo sob o jugo de uma herética chamada Troika.

[Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».]

A rã e o príncipe.


P. J. Lynch - The frog prince
Ouviu contar que uma garina tinha beijado um sapo e este se transformou em príncipe. Riu-se. Também já beijara uma rã. Alucinogénica. Sentira-se como um verdadeiro príncipe...

A tragédia da mosca



Perseguida pelo enfurecido empregado do café, a mosca decidiu pousar sobre o espelho do lavabo. Paf! Foi aí que deixou de zumbir para sempre.

[Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».]

A saga do tio Arlindo (4)


Pantalone - Personagem da Commedia italiana.
O tio Arlindo sentia-se como um condenado à morte. Agora que se habituara a ele, um postal convocava-o para uma consulta, a propósito do seu problema de lateralidade intermitente…

[Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».]


«A fuga de Wang Fo»



Antes de se cumprir a sentença do Imperador, Wang-Fô teria de terminar um quadro inacabado. Foi dentro dele que, com o seu discípulo Ling, se escapou de barco na linha do horizonte.

Resumo do conto do mesmo nome (ou com o título «A salvação de Wang-Fô») de Marguerite Yourcenar, em 150 caracteres. O original pode ser encontrado AQUI.

Naufrágio



Ainda bem que mandara à família, no dia anterior, aquele postal com uma foto sua. A visão da barbatana do tubarão a rondá-lo deu-lhe a certeza de que não escaparia vivo do naufrágio.

[Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».

Reflexo



Quem seria aquele velho que vira no reflexo do vidro, a caminho da sala de execução? Estivera tanto tempo à espera daquele acto final, que já nem se reconhecia a si próprio…

 [Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».]

domingo, 8 de julho de 2012

Fama



Atingido mortalmente por uma bala, no fogo cruzado entre a polícia e os assaltantes, ainda teve tempo de pegar no telemóvel e mandar uma foto da sua agonia para o «feicebuque».

[Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».]

Vida a crédito



Morto ou vivo, jamais lhe tirariam o gosto pelos fatos Armani e pelos carros de alta cilindrada. Olhou os cartões de crédito inúteis, ajeitou o cabelo e mergulhou no vazio.

[Participação no desafio 15 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Auto-retrato de um condenado à morte».

Bigode


 
Palavra de honra, disse, quem foi o engraçadinho que fez um bigode no meu quadro?

[Participação no desafio 14 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Quadro de honra».]

Abandono escolar



Sem honra, nem glória, desistiu da escola, farto de ir ao quadro.

[Participação no desafio 14 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Quadro de honra».]

«Decência»


Nu na rede - Óscar Pereira da Silva (truncado)
Pegou no pincel e honrou o quadro. Era um nu indecente. Agora, já não.

[Participação no desafio 14 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Quadro de honra».]

sábado, 7 de julho de 2012

Quatro em um


Quem será o personagem mistério?

1. Onze valores. Era quanto valia a honra daquele quadro.
 
2. Para o chefe, a falta de honra do seu quadro era «um não assunto».

3. Era um quadro turvo com uma honra ainda mais turva. Foi turbo-licenciado.

4. O rasto de um governante sem honra é um quadro devastador.

[Participação no desafio 14 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Quadro de honra».
Escritos a partir de um assunto da actualidade política nacional]

A saga do tio Arlindo (3)


Pantalone - Personagem da Commedia italiana.
O quadro de honra do tio Arlindo estava cheio de paradoxos: tinha axiomas esquerdinos e jactâncias dextras.

[Participação no desafio 14 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Quadro de honra».]

Risco



Oculto atrás do quadro, um envelope põe em risco a honra dele.

[Participação no desafio 14 da página «Escrita de Microficção». Tema: «Quadro de honra».