(Ao Zé Oliveira)
Uma castanha pilada estava a espreitar pelo Buraco da Fechadura, quando ouviu uma coisa que a deixou alarmada:
- Amanhã vamos organizar um magusto para a malta lá do serviço. Temos de ir comprar as castanhas e a água-pé ainda hoje.
Eram os vizinhos da frente, que andavam sempre em farras e algazarras.
- Mau, Maria! - sobressaltou-se a castanha pilada. - Vai haver carnificina. O que me safa é eu ser uma castanha pilada. Assim ninguém me lança ao fogo. O pior são as pobres das primas, que vão esturricar na fogueira para estes alarves encherem a barriga. Vou ter de fazer alguma coisa!
Decidiu-se então a mandar um e-mail à SPC, isto é, à Sociedade Protectora das Castanhas, a fim de promover uma manifestação de protesto contra o tal magusto.
Juntaram-se os manifestantes no local anunciado e armaram o arraial com a parafernália do costume: altifalantes, bandeiras, faixas, pancartas e outros materiais de agit-prop.
À hora marcada, no entanto, não apareceu ninguém: nem os vizinhos da frente, nem a malta lá do serviço. E do magusto, nicles.
Foi-se a saber e a iniciativa tinha sido cancelada devido à falta de fundos. Ao preço a que estava a castanha, não havia carcanhol que chegasse. Quanto à água-pé, sem castanhas, também não valia a pena.
E os manifestantes voltaram para casa cabisbaixos, remoendo impropérios contra a sua falta de sorte. É o que faz a carestia de vida!
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