Às vezes, no meio do
campo, um homem de palha botava discurso às aves esquivas. Exaltava a solidez
da sua morada permanente, com ampla vista sobre o mundo circundante. O pé bem
fixo na terra tornava-o forte, temido, imune ao sobressalto das estações. Ali,
onde estava, vigiava o próprio ciclo da vida e da morte. Arrogava-se, por isso,
Senhor do Tempo.
Mas as aves não o ouviam. Bastava-lhes abrir as asas e o
mundo era todo delas.
Resposta ao desafio nº 15 do blogue 77palavras.blogspot.pt de Margarida Fonseca Santos. Frase inicial retirada do «Romance da Raposa», de Aquilino Ribeiro.
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