Contos curtos de Carlos Alberto Silva, resultado das colaborações na página do Facebook «Escrita de microficção», no blogue «77 palavras» e outros. [Todos os textos são redigidos em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
segunda-feira, 31 de julho de 2017
A senhora pequenina
Tradução e adaptação de Carlos Alberto Silva de um antigo conto infantil inglês (de fantasmas). A capa apresentada é apenas umas das muitas versões da história.
Era uma vez uma senhora pequenina que morava numa casa pequenina numa aldeia pequenina. Um dia, a senhora pequenina vestiu o seu casaco pequenino e saiu da sua casa pequenina para fazer uma caminhada pequenina.
segunda-feira, 3 de julho de 2017
A lagarta e as cerejas
Uma lagarta de Rhagoletis Cerasi nasceu, como seria de esperar, dentro de uma cereja. Assim que saiu do ovo, começou logo a dizer mal da sua vida:
- Que raio de cereja onde eu havia de nascer, tão azeda e descorada, que pior não há-de haver.
Descontente com a sua sorte, decidiu buscar outra morada.
Arrastando-se, arrastando-se, procurou uma cereja mais a seu gosto. Assim que se instalou, começou de novo a reclamar:
- Que raio de cereja havia eu de escolher, neste canto onde o sol não chega. Aqui, morrerei de frio.
E arrastando-se, arrastando-se, procurou outra cereja mais o seu gosto.
- Que raio de cereja onde eu havia de nascer, tão azeda e descorada, que pior não há-de haver.
Descontente com a sua sorte, decidiu buscar outra morada.
Arrastando-se, arrastando-se, procurou uma cereja mais a seu gosto. Assim que se instalou, começou de novo a reclamar:
- Que raio de cereja havia eu de escolher, neste canto onde o sol não chega. Aqui, morrerei de frio.
E arrastando-se, arrastando-se, procurou outra cereja mais o seu gosto.
domingo, 2 de julho de 2017
A laranjeira do Ogre
O Ogre da Cornualha plantou no seu jardim uma laranjeira. Durante vários anos, nunca frutificou, embora ele cuidasse dela com todo o esmero.
Até que, finalmente, ao sétimo ano, vingou uma laranja. Quando esta amadureceu, o Ogre saboreou-a, deliciado, e desistiu da ideia de arrancar a laranjeira.
Ao oitavo ano, a árvore deu quatro laranjas. Ao nono, deu oito.
- Está a progredir! - exultou o Ogre.
No entanto, ao décimo ano, a laranjeira deu apenas três... pintassilgos.
Até que, finalmente, ao sétimo ano, vingou uma laranja. Quando esta amadureceu, o Ogre saboreou-a, deliciado, e desistiu da ideia de arrancar a laranjeira.
Ao oitavo ano, a árvore deu quatro laranjas. Ao nono, deu oito.
- Está a progredir! - exultou o Ogre.
No entanto, ao décimo ano, a laranjeira deu apenas três... pintassilgos.
sábado, 1 de julho de 2017
O dilema do extraterrestre
Zhlarg conduziu a astronave em direcção ao seu objectivo. A
missão que lhe fora incumbida pela Confederação Intergaláctica era clara:
desparasitar o único planeta habitável do sector VLS9. No porão na nave vinha,
pronto a ser usado, o dispositivo de eliminação selectiva.
Quase a chegar, fez um giro de reconhecimento pela zona iluminada do pequeno satélite inerte e vociferou:
- Raios os partam, já arranjaram maneira de vir para aqui também, estragar... Tenho de pôr cobro a isto!
Rumou então em direcção à grande esfera azulada.
Quase a chegar, fez um giro de reconhecimento pela zona iluminada do pequeno satélite inerte e vociferou:
- Raios os partam, já arranjaram maneira de vir para aqui também, estragar... Tenho de pôr cobro a isto!
Rumou então em direcção à grande esfera azulada.
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