quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O piquenique da bolacha Maria

No primeiro dia de Primavera, uma turma de bolachas Maria de um colégio interno saiu para fazer um piquenique à beira-rio. A meio da tarde, lá foram elas com os cestos da merenda, à procura de um local onde pudessem estender as toalhas e desfrutar o sol primaveril. Atrás ia a irmã Celeste, uma barriga de freira lustrosa e rechonchuda, encarregada de as vigiar.
As bolachas, no entanto, não se ralavam muito com isso. Sabiam bem como ludibriar a sua guardiã, de modo a poderem fazer todas as traquinices que lhes apetecessem. Chegadas ao local do piquenique, empanturraram a irmã Celeste com guloseimas, até que esta, embalada pelo zumbir das abelhas, acabou por adormecer.
Sorrateiras, as bolachas descalçaram os sapatos e as meias, despiram as saias e as blusas e puseram-se a chapinhar no rio. Mas, passado algum tempo, a algazarra era tamanha que a irmã Celeste acordou sobressaltada.
Zangada com a impertinência das pequenas, obrigou-as a sair da água e a vestirem-se imediatamente. Depois, voltaram para o colégio a toque de caixa.
Para castigo, nessa noite foram para a cama sem jantar. E nunca mais houve passeios, nem piqueniques, nem festas. Passaram a viver em regime de austeridade, como as bolachas de água e sal.

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